sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Monte Olimpo

Juro que quando fui até o monte olimpo não esperava encontrar Apolo. Deparei com Dionísio que mora bem lá embaixo atrás das tinas de vinho. Procurei não olhar pra Apolo e desejar apenas Dionísio, muito mais flúido e fugaz. Dionísio com seu corpo enlouquecedor, seu rebolado arrebatador, sua mente incessante; pensei que fosse capaz de me distrair. Que engano o meu. Apolo sempre estará lá, com sua beleza perfeita, sua inteligência ímpar, rodeado de mulheres, de vida, de brilho. Apolo e sua sedução. Quem diria de mim, uma simples mortal, aprisionada por um deus tão belo e garboso. Quem diria de Dionísio, tão excêntrico e sensual, não foi capaz de me libertar dos braços de Apolo. Dionísio tão esperto, observou ao longe essa bela mortal passear com Apolo no monte olimpo e nada falou, se escondeu. Ciúme o tomou, inveja de Apolo, raiva de mim. Ah, Dionísio como desejei te amar, ter sua imagem em minha mente e não tirar jamais. Que tristeza a minha, sofreria menos se assim o fosse, sofreria também, mas sofreria menos. Embebido de prazer e suor Apolo me arrebatou. O que pode uma simples mortal contra a força de dois deuses? Quem achei que fosse para encará-los? Pobre de mim, nesse exílio tão distante do mar, sozinha deitada sonhando. Nada de mim, nada dos deuses, apenas a solidão material daquela que paga por querer e desejar. Exilada e só, longe muito longe do monte olímpo que um dia eu chamei de lar.

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