quinta-feira, 28 de abril de 2011

A morte da Inocência - Tragédia em seis partes


A morte da inocência

Deixei minha inocência morta, assassinada por um vírus mortal.

Sepultada com mil flores sobre o túmulo: 

choraram meu carinho e minha alegria, 
velaram o corpo atentos aos pássaros do cemitério.

Com as mãos dadas ao futuro incerto, sofri.

Santa inocência jaz, num calmo dia de quarta-feira.


Alegria cega

minha alegria chora.

De mãos dadas com carinho, vela por inocência.

Seus punhos porejam desejo e solidão.

Olha mas não vê.

Está cega.


meu tesão não foi ao enterro

Meu tesão não quis comparecer ao velório de inocência.

Estavam brigados. Preferiu caminhar na tempestade, ver raios e trovões.

Quase morreu eletrocutado.

Escondeu-se logo abaixo de um viaduto.

Chorou a morte da inocência mas não contou pra ninguém.

Sentiu vergonha e escondeu-se dentro de si.

Ainda está lá, em lugar algum.

Quem sabe um dia volta?


meu rancor

meu rancor caminha livre.

descomprometido com tudo.

Ainda vive.


mágoa desperta

minha mágoa despertou zonza de sono.

Espreguiçou, encolheu..

Ta confusa e não sabe o que fazer.

Tira a roupa, toma uma café.

Espera, olhando o nascer do sol.


Carinho chora


Meu carinho insiste no túmulo permanecer.

Todos já deixaram o cemitério naquele triste dia em que inocência foi sepultada.

Já é madrugada e carinho ainda chora.

Bebe um gole de veneno.

Morrer é pouco.
 

Sobrevive 


Descalço sai à procura do tesão.

Mal sabe carinho que tesão se escondeu tão bem

que nem ele mesmo seria capaz de encontrar.

Chora ainda carinho, chora.

Dorme de tanto chorar.

Acorda 



Não se reconhece mais.

É outro agora.

 Não pode mais voltar.

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